Por encomenda do governo federal, CIEnP realizou estudos pré-clínicos da fosfoetanolamina

O CIEnP foi responsável por planejar e conduzir estudos de avaliação da segurança e eficácia não-clínica da polêmica "pílula do câncer", em atendimento a um esforço do MCTI para financiar a geração de evidências científicas sobre a utilidade ou não do composto.

ENCOMENDA TECNOLÓGICA

12/31/20222 min read

No final de 2015, o CIEnP foi solicitado pelo então Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Celso Pansera, para contribuir para a solução de um problema nacional grave de saúde pública, que foi o uso pela população brasileira da fosfoetanolamina sintética para o tratamento de vários tipos de câncer, sem as necessárias comprovações de eficácia e segurança. Esse composto, sintetizado mesmo sem estudos científicos (pré-clínicos e clínicos) e, portanto, sem o aval da ANVISA, estava sendo amplamente distribuído à população. A situação atingiu proporções sem precedentes, pois o congresso nacional aprovou o uso do composto pela população a despeito da ausência de aprovação da agência regulatória nacional.

Na sequência, a então Presidente da República Dilma Roussef sancionou o projeto aprovado pelo congresso e o caso foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal. O assunto teve repercussão internacional, tanto nos meios de comunicações, quanto nas principais revistas científicas internacionais. Por iniciativa do MCTI, foi feita uma encomenda tecnológica por meio do CNPq aos professores Dr. Eliezer Barreiros da UFRJ e Dr. João Batista Calixto do CIEnP, a fim de sintetizar a fosfoetanolamina e seus derivados e em seguida avaliar a segurança, eficácia não clínica e os mecanismos de ação desses compostos.

A equipe do CIEnP trabalhou intensamente neste projeto durante mais de 2 anos e realizou praticamente todos os estudos não clínicos necessários para aprovação de um novo composto pelas principais agências regulatórias. Foram gerados 22 relatórios técnicos, que foram disponibilizados à toda a sociedade através do site do MCTI. As conclusões desses estudos foram que, além das impurezas presentes na fosfoetanolamina sintetizada, ela e seus constituintes não apresentaram sinais importantes de toxicidade, mas também não apresentaram eficácia relevante contra os diversos tipos de câncer estudados. O fato encontrado foi confirmado posteriormente pelos estudos clínicos iniciados pelo governo de São Paulo, suspenso em fase inicial por não apresentar relevância clínica.

Para acessar os relatórios dos estudos na página do MCTI, clique aqui.

Aparições na mídia:

Portal G1 - Novo teste com fosfoetanolamina aponta baixa eficácia contra câncer

Portal G1 - Fosfoetanolamina reduz tumor de camundongo em novo teste

Imagem: Marcos Santos/Agência USP